sábado, 5 de junho de 2010

Iara Lee e Giora Balash: dois brasileiros

por Marcos Guterman

A cineasta Iara Lee, única brasileira a bordo da “Flotilha da Liberdade”, descreveu sua experiência durante a abordagem da Marinha israelense, em texto publicado pela Folha. Sem ter visto o confronto, ela fez suas deduções como se a tudo tivesse testemunhado. “Ouvi tiros e temi pela vida dos meus companheiros de viagem. Mais tarde vi os corpos sendo carregados para dentro. Podia esperar que os soldados atirassem para o ar, ou nas pernas das pessoas, mas em vez disso vi que tinham atirado para matar.”

A frase mostra que ela não viu os soldados atirando, apenas ouviu. Em seguida, viu os corpos de seus “companheiros” sendo carregados. Isso foi o suficiente para que ela denunciasse, com a firmeza de quem assistiu a tudo: “Vi que (os soldados) tinham atirado para matar”. O problema é que Iara Lee não viu nada, como ela mesma admite. Não viu, por exemplo, soldados israelenses sendo espancados e esfaqueados. Ela apenas ouviu tiros e tirou suas conclusões, contaminadas por sua militância. A equação, para ela, era simples: soldados israelenses + tiros + corpos de pacifistas desarmados = massacre premeditado.

Como cineasta, ofício em que a imagem é tudo, Iara Lee deveria saber bem a diferença entre ver e não ver alguma coisa. Para ela, porém, parece que basta acreditar em algo para que isso se torne verdade. Resta só o trabalho de recolher “evidências” para fundamentar a crença.

De todo modo, pelo menos Iara Lee sobreviveu para contar o que acha que viu. Deu mais sorte que outro brasileiro, Giora Balash, assassinado pelo Hamas num atentado a bomba numa pizzaria em Jerusalém, em 2001. Balash não sobreviveu para contar o que efetivamente viu: a cara do terror.

2 comentários:

  1. Boa análise.
    Vocês deveriam mandá-la para a Iara Lee ou, melhor, conseguir dela uma entrevista para que ela possa ser desmascarada.

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  2. Hamilton de Oliveira Marques07 junho, 2010

    Excelente !!!

    Sugiro que se envie este texto para a Folha de S.Paulo.
    Este jornal dá total crédito para os inimigos de Israel. Quando alguma autoridade israelense se pronuncia, eles sempre fazem ressalvas, como se fosse algo duvidoso, que não tem credibilidade. Mas quando a pessoa não viu nada, não tem importância. É publicado com destaque, como se verdade fosse.
    Parabéns pela matéria muito inteligente.

    Hamilton de Oliveira Marques/ Santos

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